Hoje faz 30 anos da morte do dramaturgo, escritor, jornalista e polêmico Nelson Rodrigues.
Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico(desde menino).
Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.
Nada nos humilha mais do que a coragem alheia.
Toda unanimidade é burra.
A dúvida é autora das insônias mais cruéis. Ao passo que, inversamente, uma boa e sólida certeza vale como um barbitúrico irresistível.
Toda coerência é, no mínimo, suspeita.
A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: – o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.
Um povo que ri da própria desgraça pode ser miserável. Mas jamais derrotado.
Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.
A liberdade é mais importante do que o pão.
Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro.
Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.
O dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro.
Os homens mentiriam menos se as mulheres fizessem menos perguntas.
Só o inimigo não trai nunca.
Invejo a burrice, porque é eterna.
O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes.
Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu.